domingo, 22 de abril de 2007

Sentença no lide

Instituro Gutenberg

A imprensa está estimulando o destempero verbal da polícia e do Ministério Público nas conclusões que precedem as investigações sobre a morte do calouro Edison Tsung-Chi Hsueh em São Paulo.

Edson, de 22 anos, morreu afogado, em 22 de fevereiro, durante um trote em que aproximadamente 100 estudantes entraram ou foram empurrados na piscina do clube dos alunos da Faculdade de Medicina.

A promotora Eliana Passarelli logo concluiu que Edson foi assassinado e anunciou o indiciamento de 200 estudantes como cúmplices do crime. “Estávamos ouvindo os alunos que participaram da festa como testemunhas e agora vamos passar a ouvi-los como suspeitos de um assassinato”, disse ao Estadão.

Logo voltou atrás e passou a falar em homicídio culposo – ou seja, em que não houve a intenção de matar.

A morte do estudante é chocante e inspira restrições à violência dos trotes nas universidades. Se houver culpados, que sejam corretamente identificados e punidos pela Justiça. Mas, antes de mandar a escola inteira para o banco dos réus, os investigadores não podem descartar a hipótese de acidente.

A mídia deve lembrar-se de um tribunal de papel conhecido como Escola Base e acender o sinal amarelo quando autoridades lavram sentenças antes do julgamento. Quando isso ocorre é porque ninguém – imprensa, polícia e promotoria – está fazendo seu trabalho direito.

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