Trecho do livro Jornalismo dos anos 90, de Luís Nassif
O trote em que um aluno da Faculdade de Medicina morreu afogado na piscina foi dos exemplos mais flagrantes da irrelevância que tomou conta da mídia. Naquele período, particularmente sensacionalista, que foi 1999. um aluno de origem humilde, o Ceará, foi filmado bêbado em uma churrascaria, simulando uma entrevista em que “confessava” ter sido o autor da morte do colega. Deu a declaração bêbado, claramente simulando a entrevista.
Mesmo assim, tornou-se alvo preferencial da mídia no período. Jornalistas de primeiro time gastaram páginas para malhar o tal Ceará que, da noite para o dia, tornou-se inimigo público número 1. Todas as indicações eram as de que o aluno morreu afogado, sufocado por dezenas de colegas que se atiraram bêbados na piscina.
Não havia nenhuma indicação de um crime ou um criminoso. Mesmo assim, a cobertura da época transformou a Faculdade de Medicina em uma organização quase criminosa, com pactos fantasiosos de silêncio.
02/07/99
O calouro da Medicina
Um dos casos mais exemplares da sede de justiçamento que toma conta da sociedade, e da forma torta e primária a que conduz esse jornalismo de marketing, foi o episódio da morte do calouro no trote da Escola Paulista de Medicina.
Praticamente desde os anos 50, os trotes violentos se incorporaram à rotina das faculdades, gerando desde pequenos atos de estupidez até casos de selvageria explícita. Fora uma outra manifestação de repúdio, nunca se viu um movimento visando erradicar essa extravagância, que serve apenas para satisfazer egos recalcados.
Essa história de que “todos somos culpados” é a maneira mais fácil de não tornar ninguém responsável. Mas quem poderia coibir essas práticas? Não há polícia, visto não haver ilegalidade explícita na prática. Nem mesmo a mídia, que apenas poderia focalizar protestos. A responsabilidade direta é do corpo diretivo das faculdades, a instância que define regras de convivência entre alunos, funcionários e professores como a leniência a essas práticas era nacional. No entanto, há uma responsabilidade difusa da própria sociedade, que as tolerou. – como tolera malhação de Judas e como tolerava a violência das torcidas organizadas, até a morte do torcedor.
O trote em que um aluno da Faculdade de Medicina morreu afogado na piscina foi dos exemplos mais flagrantes da irrelevância que tomou conta da mídia. Naquele período, particularmente sensacionalista, que foi 1999. um aluno de origem humilde, o Ceará, foi filmado bêbado em uma churrascaria, simulando uma entrevista em que “confessava” ter sido o autor da morte do colega. Deu a declaração bêbado, claramente simulando a entrevista.
Mesmo assim, tornou-se alvo preferencial da mídia no período. Jornalistas de primeiro time gastaram páginas para malhar o tal Ceará que, da noite para o dia, tornou-se inimigo público número 1. Todas as indicações eram as de que o aluno morreu afogado, sufocado por dezenas de colegas que se atiraram bêbados na piscina.
Não havia nenhuma indicação de um crime ou um criminoso. Mesmo assim, a cobertura da época transformou a Faculdade de Medicina em uma organização quase criminosa, com pactos fantasiosos de silêncio.
02/07/99
O calouro da Medicina
Um dos casos mais exemplares da sede de justiçamento que toma conta da sociedade, e da forma torta e primária a que conduz esse jornalismo de marketing, foi o episódio da morte do calouro no trote da Escola Paulista de Medicina.
Praticamente desde os anos 50, os trotes violentos se incorporaram à rotina das faculdades, gerando desde pequenos atos de estupidez até casos de selvageria explícita. Fora uma outra manifestação de repúdio, nunca se viu um movimento visando erradicar essa extravagância, que serve apenas para satisfazer egos recalcados.
Essa história de que “todos somos culpados” é a maneira mais fácil de não tornar ninguém responsável. Mas quem poderia coibir essas práticas? Não há polícia, visto não haver ilegalidade explícita na prática. Nem mesmo a mídia, que apenas poderia focalizar protestos. A responsabilidade direta é do corpo diretivo das faculdades, a instância que define regras de convivência entre alunos, funcionários e professores como a leniência a essas práticas era nacional. No entanto, há uma responsabilidade difusa da própria sociedade, que as tolerou. – como tolera malhação de Judas e como tolerava a violência das torcidas organizadas, até a morte do torcedor.
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