sábado, 21 de abril de 2007

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Fantástico
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06.03.2005

O caso do estudante morto durante trote na faculdade

Manhã de 23 de fevereiro de 1999. O corpo do calouro Édson Suê, de 22 anos, é encontrado no fundo da piscina do clube da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. No dia anterior, o estudante participou do trote aos novatos da escola. Édson caiu na piscina por acidente ou foi jogado?

“Para nós, tanto faz se ele foi empurrado ou não empurrado. Na verdade ele foi compelido a entrar na água sem querer. E ele não sabia nadar”, argumenta a promotora Eliana Passarelli. O processo criminal tem mais de duas mil páginas. São 14 volumes com depoimentos de calouros e veteranos que participaram do trote. Alguns estudantes relataram cenas de bebedeira e ações violentas durante a festa. Como o batismo na piscina.

“O final do trote era um ritual: eles eram todos submersos na água, numa piscina que é semi-olímpica com cinco metros de profundidade quase”, diz a promotora.

Quatro veteranos foram acusados de homicídio qualificado por asfixia. Para o Ministério Público, eles assumiram o risco de morte, pelas atitudes tomadas, antes do afogamento de Edson.

“É lamentável que isso tenha acontecido, mas também é lamentável que quatro pessoas tenham sido acusadas de um homicídio sem nenhum indício”, alega Guilherme Batochio, advogado dos acusados.

A sindicância instaurada pela USP concluiu que os quatro veteranos não tiveram relação com a morte de Edson. No dia 4 de fevereiro deste ano veio a decisão final: o STJ determinou o trancamento da ação penal por falta de justa causa.

“Nós não temos fundamentação do STJ, só um telegrama vindo de Brasília comunicando que não poderíamos mais prosseguir nessa ação. Foi interrompida e ponto final. Não podemos fazer mais nada”, lamenta Mildred Manpi, promotora.

Os pais de Édson estão arrasados com a decisão da justiça e não querem mais falar sobre o assunto. Para eles, restou um consolo: trote violento na medicina da USP, nunca mais.

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